Luis René Morilla, 50 anos com a fotografia

Luis Morilla chegou a Buenos Aires ainda moleque com apenas 12 anos de idade. Vinha de um povoado da província de Entre Rios, San Salvador, onde nasceu em abril de 1937.
La Boca abriu ante seus olhos como parte do povo que o recordava, por suas casas e ruas, a terra onde havia nascido. Foi ali onde realizou uma parte importante de sua obra, mostrando seus rincões e com o passar do tempo, as suas transformações.
"Queria ser marinheiro, andar pela coberta das velhas barcaças e rebocadores no meio da água, que é também uma forma de ser livre, mas a vida lhe levou por outros destinos."
Aos 22 anos de idade fez suas primeiras fotos. Passou-se desde então meio século, que é muito para uma sociedade imagine, então, o que é para uma vida. Morilla tem deixado todo esse tempo um forte estigma na fotografia argentina, tanto como formador de várias gerações de autores que o reconhecem como verdadeiro mestre que é, como por suas obras.

Não se tratam dos prêmios, que têm sido muitos e de grande importância – como o prêmio Condor RAF com o retrato que segue despertando fortes emoções como no primeiro dia em que mostrou-o – senão de uma obra sólida na qual se expressa um estilo, uma maneira de olhar junto com o cuidado na elaboração das impressões em papel que os têm como um artesanato inigualável.
Escreveu por aí: “A tomada não é tudo”, foi dito muitas vezes. E está certo. Uma boa tomada não é garantia de que a cópia final será perfeita. “Entre a tomada e a apresentação da obra ocorre um processo, que não é puramente mecânico.”

Ainda que toda sua trajetória se realizasse num contexto de fotoclubismo, organizador de salões, jurado, professor e dirigente, em especial no Foto Club Buenos Aires e na Federação Argentina de Fotografia (FAF), sendo por isso reconhecido com vários títulos e uma Pirámide de Plata no ano de 2000, a obra de Morilla é antes de mais nada a expressão pessoal de seus sentimentos e maneira de ver o mundo que o rodeia, o que o convertem à margem de qualquer prêmio, num autor de valia e necessário.

Texto original em espanhol: A. Bécquer Casaballe (revista Foto Mundo - Buenos Aires)
Tradução: Karina Kowalski (Câmera Viajante)